Onde está a justiça que prometeram a meus filhos?
Meus amigos vivem andando sobre esses trilhos
e meus irmãos andam sem um lugar para reclinarem a cabeça,
Esperamos o dinheiro chegar antes que o dia amanheça!
Nunca olharam para nós porque vivemos em miséria e pobreza
prometeram-nos comida que nunca chegou em minha mesa.
Desprezam-nos porque somos a escória e envergonhamos a burguesia
com nossos farrapos e nossos pés descalços vivemos nessa sociedade de hipocrisia.
Nunca deram a chance para que meu filho estudasse com decência
pois ele não pode ficar na escola de rico, pois isso é decadência!
Tiraram a comida do meu filho negro porque o tratam como doente
não somos tais, nem dementes
somos aqueles que a sociedade rejeitou
aqueles que o rico apedrejou.
Algumas coisas não são nada além de grandes mentiras
pois meu filho foge da bala perdida e se esconde dos “tiras”
pois minha casa não passa de uma “caverna” escura
e refugio-me debaixo de uma manta escura.
Onde está a igualdade prevista por lei?
Onde está tudo isso que eu nem mesmo sei?
Comemos o que sobrou da mesa do burguês
como os escravos faziam com seu dono português,
vivemos das migalhas que os ricos atiram para os pombos comerem,
somos mais do que animais, não restos que ficam para apodrecerem.
Somos os excluídos, os que ainda morrem de malária
os que não podem sobreviver porque não tem uma conta bancária,
os que ficaram para trás, os que não tem o que comer
os que vivem mendigando no semáforo da manhã ao entardecer.
Somos os que não tem saúde, os que morrem na fila do hospital
somos os que tem dengue, hepatite e todo tipo de mal,
os que não se curam porque são jogados fora
excluídos ontem, amanhã e agora.
Somos como escória, como lixo hospitalar é lançado no esgoto
mesmo estando vivo ou morto.
Eles não querem ver o que envergonha suas vidas corruptas
enquanto nossos filhos passam fome nessa “grutas”
comendo o lixo que vocês jogaram para os cães,
como se fôssemos animais em busca de pedaços de pães.
Vocês só querem ver aquilo que lhes traz prazer
mas nunca nos viram, pois nem sabem o que fazer.
A fome nunca chegou no palácio onde vivem
talvez nunca sintam isso enquanto viverem.
Enquanto vocês se deliciam com caviar e vinho tinto
não imaginam como vivo ou o que sinto!
Espancam-nos porque o rico não vai para a cadeia nesse país,
jogam-nos nas masmorras porque não temos dinheiro nem raiz,
pois não temos nome nem antepassados
estamos jogados por aí e nesse mundo cruel fomos arremessados,
com crueldade somos julgados pela nossa cor e classe social
sem piedade nos pisoteiam e somos menos do que um animal irracional.
E ainda querem que meu filho não os repudie
por viver nessa eterna imundície.
Eu vivo buscando justiça aos menos afortunados
comida para aqueles descamisados
casa para os que vivem nas ruas
que contam seus segredos para a lua
e compartilham suas dores com o vento
e vivem a procura de alento!
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